É, pessoal, cá estou de novo!
Quem me acompanha por aqui já deve estar acostumado com a inconstância deste singelo blog. Mas não tem problema, não... cá estamos!
Falando em inconstância, vejam só: ontem, pela primeira vez em muuuuuuuuuito tempo, eu maratonei uma série. A famosa “uma sentada só”. Episódio atrás de episódio e, talvez por isso, resolvi falar sobre isso aqui com vocês.
A série em questão é Round 6 — mais especificamente, a terceira temporada de Round 6, a aclamada produção sul-coreana da Netflix. Já deixo o aviso: este texto contém spoilers!
Round 6 foi uma série que assisti sem absolutamente nenhuma pretensão. Eu não sabia do que se tratava, nem quem fazia parte do elenco. Mas já amei de cara! Primeiro, porque —por favor, né? — é cinema coreano, e segundo porque simplesmente adoro filmes e séries que não têm medo de mostrar cenas fortes. E Round 6 é isso: crítica social contundente, violência simbólica e explícita, e muitas situações que fazem a gente querer desviar o olhar.
Quando a primeira temporada terminou, confesso que fiquei um pouco confusa e decepcionada. A série havia sido tão impactante que, pra mim, qualquer continuação poderia estragar tudo. A segunda temporada veio logo depois, mas foi dividida, e o que era uma continuação se transformou também em uma terceira temporada de Round 6. A premissa não tem nenhuma novidade: alguém que sobreviveu a algo traumático retorna ao mesmo cenário em nome de uma causa maior.
É com esse propósito que Ji-Hun, interpretado por Jung-Jae Lee, retorna ao Squid Game. Depois de anos perseguindo o “homem do metrô” e perdendo a própria sanidade no processo, ele finalmente consegue voltar à ilha — determinado a derrubar o sistema. Ji-Hun tenta, praticamente sozinho, desmantelar uma estrutura que ninguém entende direito como começou — e que parece não ter fim.
A nova temporada nos apresenta a novos personagens, novos contextos e novos jogos — bem menos violentos do que eu esperava. Logo no início, vemos um Ji-Hun consciente das engrenagens do Squid Game, inclusive tentando orientar seus adversários sobre como seguir no jogo. É nesse momento que conhecemos os novos competidores: alguns que você quer que morram antes mesmo de os jogos começarem, outros de quem você quer se tonar amigo de infância.
Que é o caso do trio de ouro da temporada: Hyun-ju (Jogador 120, interpretado por Sung-Hoon Park), Geum-ja (Jogadora 149, vivida por Ae Sim-Kang) e Jun-hee (Jogadora 222, interpretada por Yu-Ri Jo). Jun-hee, inclusive, está grávida — fruto de uma relação relâmpago com um "boy lixo" que, pasmem, também está no jogo.Tudo segue mais ou menos como esperado: grupinhos se formando, alianças frágeis e traições previsíveis. Gente legal com gente legal, gente escrota com gente escrota. A fórmula continua parecida com a da temporada anterior — até que, em um ponto de virada, acontece uma rebelião. Liderados por Ji-Hun, alguns jogadores invadem áreas proibidas e reduzem significativamente o número de mascarados. É nesse momento que a segunda temporada termina e a terceira começa.
A transição se dá quando No-eul (Park Gyu-Young), uma das mascaradas, finge abater Gyeong-seok (Lee Jin-wook) — mas, na verdade, o ajuda a fugir da ilha. Em uma das tramas mais interessantes da temporada, conhecemos o passado de No-eul como desertora da Coreia do Norte, onde perdeu marido e filha. Após anos sendo marcada pela dor e humilhação, ela encontra redenção ajudando alguém que lhe ofereceu um pouco de humanidade e compaixão em um momento dificil.
Após a rebelião, temos um Ji-Hun completamente catatônico que passa os dias algemado ao pé de sua beliche. Neste ponto a narrativa dá espaço para o desenvolvimento dos coadjuvantes. Nos apegamos ainda mais a Hyun-ju, Geum-ja e Jun-hee. Como não se encantar com essas personagens? Hyun-ju é uma mulher trans com treinamento militar, leal até o fim. Geum-ja é uma senhora cujo a vida nunca lhe foi gentil e que carrega o arrependimento de ter renegado o único filho. Jun-hee é uma jovem grávida, sem perspectiva de futuro.
É nessa amizade entre as três que surge uma rara luz no fim do túnel. A série nos mostra que gentileza, cuidado e empatia ainda têm espaço, mesmo em um cenário tão desumano. É delas o episódio mais intenso, triste e comovente da terceira temporada de Round 6.
Mas, claro, a série não nos deixa esquecer onde estamos: um jogo cruel onde bilionários usam vidas humanas como entretenimento. E essas mesmas vidas, por sobrevivência ou pura crueldade, repetem os padrões do sistema. Todos estão ali por uma razão: dinheiro. E quando precisam dividir seus quase milhões com um novo jogador, a tensão explode — mesmo que a diferença de valor seja mínima, ainda assim representa demais para quem quer tudo.
A mensagem é clara (e dolorosa): o sistema sempre vence. O ser humano se acostumou a ver a dor do outro como diversão. Round 6 deixa claro que estamos constantemente à mercê de um mecanismo invisível, cruel e implacável — que sempre favorece os mais ricos e poderosos.
A terceira temporada, assim como a segunda, tem pouco vínculo direto com a primeira. Algumas subtramas andam em círculos, outras se resolvem de forma um tanto preguiçosa. Ainda assim, a produção entrega ao público um desfecho bonito. Um final melancólico, que reforça uma verdade incômoda: por mais que a gente lute, vencer o sistema é praticamente impossível.
Ficha técnica:
"Round 6" (Temporada 3):
Emissora: Netflix.
Diretor: Hwang Dong-hyuk.
Episódios: 6.
Duração total: Aproximadamente 6 horas e 26 minutos.
Elenco principal: Jung-jae Lee (Seong Gi-Hun), Lee Byung-Hun (Front Man / In-ho), Wi Ha-Joon (Hwang Joon-Ho), Kang Ha-neul (Kang Dae-ho / Jogador 388).
Não assisti a 1 temporada , ainda mas sabendo que é coreana , já se deve esperar um final melancólico mesmo , obrigado pela dica e pelo testo Laís.
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