quarta-feira, 22 de junho de 2016

CRÍTICA: Wildlike, coração selvagem.




 Vamos começar pelo seguinte: vou chamar o filme apenas de Wildlike porque odiei o titulo em português , pra mim, de "coração selvagem" esse filme não tem é nada. Está mais para corações confusos e assustados.
Então vamos lá. Fiquei muito surpresa com esse filme, de verdade. Encontrei ele por acaso por ai e fui com a cara da capa e não me arrependi nenhum pouco. É bem o estilo de filme que gosto, que trata de assuntos pesados com leveza e não fica tentando explicar o obvio através de diálogos desnecessários.
Wildlike começa de forma simples, apresentando a protagonista Mackenzie (Ella Purnell) como uma adolescente  chata calada, que ainda vivia o luto pela morte do pai. Por conta disso, Jane (Diane Farr), mãe de Mackenzie, manda a menina para o Alaska para passar uma temporada com o irmão de seu falecido pai (papel de Brian Geraghty).
De início a relação entre Mackenzie e seu tio parece muito cordial e respeitosa, apesar de tensa. Porém, com o passar dos dias, o personagem de Geraghty começa a ver a sobrinha com outros olhos. O conflito do personagem fica claro e chegamos a pensar que ele se puniria de alguma forma por isso, mas o que vemos na cena seguinte é o assedio que a adolescente de quatorze anos sofre do tio.
A partir desse ponto, a história fica angustiante e assume ares de suspense. A tensão da menina quando se aproxima a hora da volta do tio para casa, nos deixa quase sem ar e nos faz querer ajuda-la de alguma forma. Depois de algumas noites de abuso e tentativas do tio de culpa-la pelo que estava acontecendo, Mackenzie foge e o ritmo do filme muda. O que vemos em tela agora é uma fuga repleta de aprendizados e descobertas.
Mackenzie conhece Rene um viúvo amargo que refazia a rota de sua lua de mel em homenagem e falecida esposa e encontra nele a proteção que precisa para encarar a viagem de volta para casa. Juntos, eles aprender a lidar com suas perdas e a encarar as descobertas de uma maneira mais aberta. Ella Purnell consegue dar o tom exato a personagem e mesclar com perfeição o fim da infância com o início de uma vida com mais responsabilidades e amadurecimento. Já o personagem de Greenwood encontra na menina a vivacidade que perdeu depois da morta da mulher e se mostra uma pessoa doce e cuidadosa. A cena em que ela pede para que ela pare de falar palavrões é impagável.
É durante este arco do filme que percebemos o erro no subtítulo em português. Mackenzie não era rebelde, não era selvagem; apenas não sabia quem era. Sem pai, sem o apoio da mãe abusada pelo tio mais próximo, a personagem de Purnell passa o filme oscilando entre medos infantis e preocupações dignas de vida adulta enquanto tenta recuperar a vida que tinha antes dos abusos.
Nas últimas tomadas, o tio de Mackenzie reaparece em uma perseguição angustiante e o filme volta a ter ares de suspense. Sem muitos diálogos e com ações cheias de significados, aos poucos, os personagens encontram seus desfechos e o controle das próprias vidas.
Wildlike conquista por ser um filme despretensioso. Fotografia simples, trilha sonora mediana, mas com tomadas e sequencias que conseguem prender o expectador e o faz criar uma empatia e até certa identificação com seus personagens principais. Wildlike foi, sem dúvida, uma grata surpresa.





FICHA TÉCNICA
Título Original - Wildlike
Ano - 2014
Diretor - Frank Hall Green


ELENCO
Ella Purnell - Mackenzie
Bruce Greenwood - Rene Bartlett
Diane Farr - Jane
Brian Geraghty - Uncle
Nolan Gerard Funk - Tommy

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