terça-feira, 21 de junho de 2016

CRÍTICA: Livre






        Expressões de prazer vindas de trás de uma moita em uma montanha.  No quadro seguinte, a expressão que pensamos ser de prazer, na verdade era de dor, muita dor. Uma unha inteira arrancada com um único puxão e muito sangue. Logo depois um tênis de caminhada arremessado no meio do rochedo e o grito misto desespero e raiva.  A imensidão da Pacific Crest Trail (trilha de 4.200 Km, que inclui toda a costa oeste dos Estados Unidos, da fronteira com o México até o Canadá) a frente, pronta para ser conquistada.
É assim que somos apresentados a incrível jornada de Cheryl Strayed (Reese Witherspoon).  Baseado no livro "Livre - A Jornada de Uma Mulher Em Busca do Recomeço”, o filme narra a dramática historia de uma mulher que, após a morte da mãe, perde por completo o rumo de sua vida e tenta se reencontrar em uma caminhada que dura meses. E é nesse primeiro quadro que temos ideia do que nos espera pelos próximos cento e vinte minutos de filme. 
Sem seguir uma ordem cronológica dos acontecimentos, somos apresentados aos poucos a uma mulher bem sucedida, bem casada e boa filha que se tornou uma viciada em heroína que passava os dias traindo o marido com estranhos aleatórios. As dificuldades encontradas por Cheryl durante a trilha vão conversando com seu passado de maneira despretensiosa e nos faz sentir uma imensa vontade de abraça-la ou socorrê-la em vários momentos.

Divulgação
  Witherspoon mostra porque venceu Jennifer Lawrence, Scarlett Johansson e Emma Watson na disputa para o papel de Cheryl e nos faz entender porque Livre é um filme de sentimentos, um filme de atriz. Com pouca fala e muita expressão, ela nos faz entender e compreender as escolhas de sua personagem e apoia-la nas mais estranhas decisões.

Livre é um filme carregado de significados e isso fica claro pela escolha de Cheryl em cruzar um caminho tão longo. Alem do autoconhecimento, aquele foi o caminho que a levou de volta ao que era, e também ao encontro de quem ela gostaria de ser. É este caminho também que coloca a prova todas as suas relações; seja com o ex-marido que lhe envia suprimentos e algum dinheiro, ou com amigos que lhe escrevem belas cartas de apoio. Nestes pontos, a historia passa uma mensagem clara “para encontrar quem somos, mesmo sozinhos, precisamos de ajuda”. Sozinha em boa parte dos 4.200km de sua caminhada, a personagem de Witherspoon ri, chora, sofre ameaças, encara medos, fome e frio sem perder a essência.
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Com uma fotografia maravilhosa, trilha sonora afiada e direção descomplicada; Livre nos prende do começo ao fim e nos desperta as mais variadas sensações. Se a intenção da produtora de Reese Witherspoon ao lutar com unhas e dentes pelos direitos de adaptação da obra e contratar um time de dar inveja para sua execução (canadense Jean-Marc Vallée, o nome do momento desde Clube de Compras Dallas; e o escritor e roteirista Nick Hornby, cultuado por trabalhos como Alta Fidelidade, Um Grande Garoto) ela, assim como sua personagem, conseguiu encontrar seu caminho.






FICHA TÉCNICA
Título original: Wilde
Direção: Jean-Marc Vallée
Autora: Cheryl Strayed
Roteiro: Nick Hornby

ELENCO
Reese Witherspoon - Cheryl
Laura Dern - Bobbi
Thomas Sadoski - Paul
Keene McRae - Leif

Michiel Huisman - Jonathan

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