sábado, 26 de novembro de 2016

CRÍTICA: Gilmore Girls – um ano para recordar.




Me lembro a primeira vez que vi Gilmore Girls. Eu devia ter uns doze anos, mais ou menos, e estava zapeando pelos canais de madrugada durante as férias de varão. De repente uma menina trajando um uniforme de escola daqueles bem clássicos com saia de pregas e gravata diz: “É porque eu amo você... SEU IDIOTA.” Pronto! Ganhou meu coração.
Achei incrível aquela menina chamar o cara que amava de idiota. A menina, no caso, era Rory Gilmore (Alexis Bledel). Estudante exemplar, única filha e neta de uma família rachada ao meio depois da gravidez precoce da mãe. No minuto seguinte a minha cabeça explodiu com toda atmosfera da bucólica e singular Stars Hollow e seus personagens exóticos. Os diálogos afiados e recheados de referências á cultura pop e música, muita música. Nomes de bandas que eu achava que só eu conhecia jorravam pelos diálogos com uma naturalidade impressionante.
Era quase impossível pra mim não me identificar com as meninas Gilmore. Via muito de minha mãe em Lorelai (Lauren Graham), assim como de mim em Rory. Talvez, por influência dela eu tenha cogitado fortemente estudar jornalismo e ciências políticas. Isso sem contar que, finalmente, eu encontrei alguém que falasse mais rápido do que eu.
Ao longo dos mais de cento e cinquenta episódios exibidos por sete anos, Gilmore Girls não mostrou nenhuma grande novidade e, talvez, seja esse o grane segredo da série. Mostrar o cotidiano e deixar o espectador livre para se identificar com os personagens e seus passados complicados e relações complexas.
A série chegou ao fim de forma abrupta, porém, previsível. A história criada por Amy Sherman-Palladino mostrava sinais de desgaste desde a quinta temporada e desandou por completo em seu sétimo ano depois da briga de Palladino com a Warner, o que fez com que a última temporada da série saísse das mãos de sua criadora e fosse parar nas mãos de David Rosental, que deu aos enredos um rumo diferente do esperado.


O revival.

A grande virada de Gilmore Girls aconteceu em dois mil e quinze, quando a Netflix anunciou a compra dos direitos e o início da produção de um revival que contaria a vida dos habitantes de Stars Hallow nos dias atuais, quase dez anos após a exibição do último episódio. Como se não fosse o suficiente, o material seria escrito, produzido e dirigido por Amy Sherman-Palladino.
Durante um ano vimos a escalação do elenco, que conta com 99% do elenco original – ate mesmo o cachorro Paul Anka deu as caras – fotos dos roteiros e muita, mas muita especulação. O que nenhuma das especulações foi precisa em prever foi o clima triste que permeou a volta de Gilmore Girls. Claro que a série conta com todos os toques bem humorados, tiradas engraçadas, diálogos alucinantes e um tsunami de referências à cultura pop atual, mas é a morte de Richard Gilmore (Edward Hermann) que da o tom. Os produtores souberam usar com delicadeza o – assim digamos – gancho da morte de seu interprete em 2014 para contornar os conflitos das Gilmore.
Emily (Kelly Bishop) não esconde a mágoa que ainda guarda da filha por ela ter saído de casa com um bebê recém-nascido nos braços e sumido no mundo aos dezesseis anos. Lorelai ainda tenta – sem sucesso – não ser manipulada pela mãe e Rory não sabe que rumo dar a sua carreira de jornalista que não decola. Quando esses conflitos se chocam com a morte de Richard em um flash back emocionante, a história toma forma e Gilmore Girls – um ano para recordar mostra a que veio.
Em quatro episódios de uma hora e meia, cada um ambientado em uma estação do ano, reencontramos Kirk e seus empregos malucos, Miss Paty e sua escola de dança, Taylor e seus pensamentos megalomaníacos, Paris e sua personalidade enlouquecida a ponto de fazer chorar as meninas do colegial de Chilton e todos os homens da vida de Rory. Luke, o padrasto, Cris, o pai e os ex-namorados Dean, Jess e Logan.
O retorno da série depois de quase uma década, traz uma paralelo interessante. Rory tem hoje trinta e dois anos, a mesma idade de sua mãe no primeiro episódio. Emily precisa se redescobrir depois da morte do marido, assim como Lorelai precisou fazer após ser mãe aos dezesseis anos. Rory, de quem todos esperavam tudo, nada tem a oferecer e está tão perdida em todos os âmbitos de sua vida que causa tanta preocupação quanto sua mãe causou na adolescência. É estranho pensar que quem se identificava com a personagem de Alexis Bledel há uma década, hoje talvez seja muito mais Lorelai.
Não posso deixar de ressaltar as interpretações maravilhosas de Laren Grahan e Kely Bishop. Que mulheres! Grahan consegue passar todas as angústias de Lorelai com um único olhar e Bishop soube como ninguém, dar tom ao sofrimento de Emily.
No fim do último episódio, finalmente, Amy Sherman-Paladino conseguiu usar as famosas quatro palavras que queria para encerrar a série. Essas quatro palavras deixam uma porta imensa aberta para um reboot, ou um abismo imenso para deixar os fãs ainda mais angustiados.
Gilmore Grils – um ano para recordar, fechou ciclos, abriu espaços e conseguiu emocionar.

sábado, 27 de agosto de 2016

Filmes para NÃO ver ao lado dos pais

           


                           Pois é galera, cá estamos. O blog andou meio em stand by por esses dias, mas voltamos. Como ainda preciso me sentar com calma e pensar em qual filme falar, resolvi fazer uma listinha singela e muito útil de filmes pra não ver ao lado dos pais. Afinal, vamos combinar, né? Tem coisa pior que você estar lá todo pimposo vendo um filme ai sua vó, sua mãe, três dias e suas primas pequenas entram na sala bem na hora daquela cena que tem gente dando uma lapada em cima da mesa?
Pois bem, vamos nos precaver, então..



KIDS

Esse filme foi um clássico do cinema independente da década de 90. Aliás, deveria ser obrigatório ver esse filme ao menos uma vez por ano desde que se entra na puberdade. O filme do diretor Larry Clark aborda temas cotidianos muito pertinentes, mas, que ainda hoje são grandes tabus.
O filme conta a história de Jannie (Chloe Sevigny), uma menina que descobre quase que por acaso que é HIV positivo. Como ela só tinha dormido com um cara na vida, resolver ir atrás dele para dar a notícia. Enquanto Jannie corre atrás do cara com quem perdeu a virgindade, ele passa o dia vadiando e transando com meninas virgens, pois acredita que não é necessário usar camisinha com quem nunca teve uma relação sexual.
O filme não poupa o expectador de cenas de uso de drogas, vandalismo, violência e muito palavrão. Com muita maconha e uma cena onde a turma de garotos espanca um rapaz usando um skate, Kids é um verdadeiro tapa de realidade na nossa cara.
Provavelmente você vai ficar sem jeito em ver, ao lado da sua mãe, um filme que começa com um moleque magrelo tirando a virgindade de uma menina e tem como última cena o estupro de uma menina inconsciente.


OS SONHADORES

Ambientado na frança dos anos 60, o filme de Bernardo Bertolucci conta a vida de um casal de gêmeos que conhece um rapaz em uma manifestação e o convida para viver em seu apartamento. De forma muito sutil, o diretor nos faz entender que a relação dos irmãos é incestuosa e completamente abusiva. Isabelle (Eva Green), a irmã é manipulada por Theo (Louis Garrel), o irmão, o tempo todo e desenvolve por ele uma paixão doentia que só é amenizada com as investidas de Matthew (Michael Pitt), o hóspede.
Com um cunho político muito forte e questionamentos muito atuais, Os sonhadores tem muito nu frontal, cenas de sexo angustiantes e orgia na banheira. O que dizer da cena em que Isabelle perde a virgindade com Matthew no chão da cozinha enquanto seu irmão assiste a tudo e depois ainda vai se certificar se a menina era de fato virgem? É de embrulhar o estômago.





AZUL É A COR MAIS QUENTE

Uma história de amor muito bonita e sensível, entre duas meninas. Já é o suficiente pra sua vó ficar de cabelo em pé. Porém, o diretor Abdellatif Kechiche vai mais além ao narrar o romance entre Emma (Léa Seydoux) e Adéle (Adéle Exarchopoulos). Com longas sequências de sexo sem nenhum tipo de puder, somos praticamente colocados na cama do casal principal. Isso sem contar que não tem nem mesmo uma musiquinha de fundo pra dar aquela amenizada, é tudo na base do gemido e do suspiro mesmo.  TIREM AS CRIANÇAS DA SALA!












DOCE VINGANÇA

Eita filme foda! Uma menina ta lá de boa no meio do mato em sua cabana em uma cidadezinha acima de qualquer suspeita. Ok. Ate que um belo dia ela sofre um estupro coletivo. Todo mundo acha que ela morreu, mas ela volta para se vingar de um por um dos sujeitos que participaram do estupro.
A cena do estupro coletivo de Jhennifer (Sarah Butler) é de revirar o estômago de qualquer um. Duvido que alguma mulher conseguiu ver aquela cena completa sem virar o rosto uma única vez. Quando o rapaz com retardo mental é obrigado a estuprar a pobre moça então... Nossa! Como se isso já não fosse motivo suficiente, quando Jhennifer  volta para sua doce vingança, as cenas de violência não deixam por menos. Anzóis enroscados em pálpebras de um, tiros de rifle no saco de outro e por ai vai. Doce vingança não é filme para fracos e nem para ver ao lado da sua tia.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

STRANGER THINGS. Uma série que da aquele quentinho no coração.



Passei as últimas semanas vendo minha timeline ser bombardeada por comentários sobre Stranger Things, a nova série da Netflix. Como não sou a maior entusiasta de filmes de terror, devo dizer que não fiquei muito curiosa. Porém, se a intenção desse pessoal que bombardeia as timelines com notícias da série era convencer outras pessoas a ver, parabéns! Vocês conseguiram.
A premissa é simples. O desaparecimento misterioso de um menino intriga toda uma cidade. Em paralelo as investigações da polícia, a turma de amigos do menino desaparecido sai em busca de pistas. Com acontecimentos que variam de forças sobrenaturais a conspirações do governo sobre pesquisa, tudo acontece.


A série conseguiu me viciar convencer já nos oito primeiros minutos. Depois disso foi uma verdadeira surra de elementos que fariam qualquer um que cresceu nos anos 80\90 ter um ataque do coração. Que eu consegui contar foi, pelo menos, umas trinta referências. Começando pela fonte usada na abertura da série (praticamente idêntica à capa original do livro Trocas Macabras, de Stephen King) e passando por clássicos como E.T, Goonies, Carrie, Conta Comigo, Poltergaist, Tubarão, O Enigma do outro mundo, Predador, A hora do pesadelo, Sob a pele, Viagens alucinantes, Dublê de corpo, Janela indiscreta e mais uma infinidade de títulos.
Stranger Things conquista justamente por não contar ao espectador nenhuma novidade e fazer isso sem medo nenhum. Com direção impecável e com uma fotografia de tirar o fôlego e que consegue nos transportar para o sofá da casa da nossa avó enquanto assistíamos sessão da tarde, a série passa seu recado sem meias palavras. 
O que dizer então do elenco de Stranger Things? Vamos começar pelo fato de Winona Rider estar no elenco. No papel de Joyce, a mãe que surta com o desaparecimento do filho, ela da um show de atuação e nos faz perguntar por que diabos ficou tanto tempo longe das telas. Fora Winona, o elenco infantil guarda a série no bolso e sai correndo em suas bicicletinhas. Onde aquelas crianças estavam escondidas que nunca vi a cara delas por ai? O quarteto de meninos formado por Finn Wolfhard (Mike), Caleb McLaughlin (Lucas), Gaten Matarazzo (Dustin) e Noah Schnapp (Will) é de matar qualquer um de tanto amor e fazer muito ator marmanjo pensar em procurar uma escola de teatro para se atualizar.
Porém, a cereja do bolo de Stranger Things é Millie Brown. A interprete de Eleven é uma dessas crianças prodígio que joga na nossa cara que nascemos sem nenhum tipo de talento na vida. Com um número de falas que daria para contar nos dedos da mão e sobraria muito espaço, ela consegue passar ao espectador tudo o que ele precisa saber e mais um pouco apenas com o olhar. É impossível não se apaixonar por Eleven.
Stranger Things tem apenas oito episódios, com cerca de quarenta e três minutos cada. Vale a pena perder parte do dia para fazer uma maratona.
                                                                                                         





ELENCO
Winona Ryder - Joyce
Millie Brown  - Eleven
 Finn Wolfhard - Mike
 Caleb McLaughlin - Lucas
 Gaten Matarazzo - Dustin
 Noah Schnapp - Will
 Natalia Dyer - Nancy
 Charlie Heaton - Jonathan


domingo, 10 de julho de 2016

TERMINEI DOWNTON ABBEY, E AGORA?





Eu geralmente não sou aloka da série, mas de uns tempos pra cá devo admitir que tenho me dedicado mais a esse oficio. É meio difícil escolher série já que é uma coisa que você terá de fazer um bom tempo. Seja fazendo maratonas que duram dez ou doze horas ou vendo um episódio aqui outro ali.
Antes do começo da última temporada de Game Of Thrones eu fiquei meio ansiosa e resolvi procurar por algo que fizesse o tempo passar mais rápido ate o dia da estréia, foi então que encontrei Downton Abbey pela frente. Pesquisei por algum tempo e realmente me interessei pela série que retratava a vida e os dilemas da aristocracia inglesa no inicio do século passado. A série também tinha um número razoável de temporadas e um time de atores de ar inveja. Decidido! Comecei Downton Abbey.
De começo eu simplesmente AMEI. Um enredo que se desenrolava sem pressa, mas permitia diversos acontecimentos que, pensava eu, deixariam um ponto importante para coisas surpreendentes; atuações magníficas eu uma fotografia de cair o queixo. Downton Abbey definitivamente era um tipo de coisa a qual eu adorava assistir, ate o fim da primeira temporada. O ponto central da historia é a busca da família Crawley por um herdeiro que pudesse assumir o condado  de Grantham e consequentemente a propriedade que dá nome a série. De início eu imaginei que a busca desse herdeiro duraria vários episódios que causaria situações de todos os tipos. Primeira decepção: Logo um herdeiro é encontrado e o mistério acaba. O que se segue após isso é uma interminável sequencia de jantares, criticas a roupas e a estilos de vida e algumas criticas e lições meio ultrapassadas, como a questão dos criados da casa.
Downton Abbey tinha nas mãos um arsenal poderoso para reviravoltas de tirar o fôlego, mas não soube usar absolutamente nada. Os criados, por exemplo, tudo veem e sabem, mas não usam pra nada. Em uma casa com mais de vinte criados, só dois são intrigueiros e o resto ama o trabalho cegamente. Há uma intensa ligação entre o mordomo e a filha mais velha dos Crawley, Mary (Michelle Dockery), que poderia ter sido usada para qualquer coisa. De suspeita de paternidade a traição qualquer coisa poderia acontecer ali, mas não aconteceu. Apenas uma admiração que ninguém entende já que ela é simplesmente insuportável. Ainda nos criados, os vilões aprontam de  tudo, inclusive causam a perda do bebe que poderia ser o herdeiro legitimo do condado. E daí? E daí nada! Em uma das últimas temporadas um deles simplesmente sai na calada da noite e desaparece e o outro é promovido a mocinho injustiçado.
As três filhas da família Crawley são um capítulo a parte. Mary é arrogante, prepotente, preconceituosa e mesquinha e vive ferrando com a vida das irmãs no nariz de todo mundo e ninguém se manifesta. Edith (Laura Carmichael) passa a série toda se fudendo e sendo chamada de encalhada e Sybil (Jessica Brown Findlay) rompe com a família para viver um grande amor com o motorista que não acreditava em aristocracia, mas depois acaba por cair de amores pela família da moça.
Downton Abbey é um festival de conceitos ultrapassados. Tudo se desenrola como se fosse nos surpreender mas acaba por cair no poço sem fundo das moral e dos bons costumes. Quando uma prima da família se envolve com um cantor de jazz negro (um escândalo interminável para a época) pensamos que ela vai passar por cima de todo mundo e viver um amor daqueles de nos deixar suspirando após o episódio, mas ela nada mais faz que ser conduzida para um casamento com um jovem branco e aristocrata. É bem verdade que ela também se apaixona por ele, mas o que incomoda de verdade é a infinidade de vezes que repetem para ela que esse sim é um bom casamento. Mais uma vez perdem a chance de surpreender.
Mary apronta todas, uma moça a frente de seu tempo. Mas nada do que ela faz é utilizado no roteiro para causar suspense. Nem mesmo  a morte de um jovem desconhecido em sua cama causa algum transtorno. Em contraponto, as tramas dos criados são bem escritas e conduzidas, embora ainda assim deixem a desejar em certos aspectos.

Mas nem só de decepções vive Downton Abbey. O que dizer de Maggie Smith no papel de Violet Crawley? Que atriz maravilhosa, que personagem apaixonante! A fotografia é simplesmente sensacional. Todas as cenas externas foram gravadas em um condado de verdade e apenas a famosa cozinha dos criados foi reproduzida em estúdio. Ponto para os produtores! Os figurinos são maravilhosos e cabe a eles nos ambientar nas passagens de tempo. Outro ponto para os produtores!
            Downton Abbey não é uma série ruim, mas cansativa. Peca-se muito com a passagem de tempo (uma vez que se passa ao longo de mais ou menos quinze anos e ninguém muda de fisionomia e nem parece fazer aniversário), os episódios são repetitivos e cansam pela duração. É a prova que atores conceituados e premiados não seguram um roteiro que não sabe para onde vai.


quinta-feira, 30 de junho de 2016

MENINAS INOCENTES. Um típico filme de festival.






Vou começar pelo começo. Ah, vá! Não gostei do título em português. Sei que tenho problemas com títulos traduzidos, mas esse realmente não me convence, afinal essas meninas não são inocentes e sim boas meninas, boas amigas, mais ou menos boas filhas, mas inocentes, nem fudedendo não.
Fazer aposta de perder a virgindade antes da faculdade, convenhamos, não é nenhuma novidade. Esse é o ponto de partida de “Garotas inocentes”. Duas amigas loucas de vontade de descobrir o que o mundo tem a oferecer, querendo viver uma dessas paixões arrebatadoras de verão e depois partir para a faculdade.
Sem dúvida, a escalação de Dakota Fanning e Elisabeth Olsen para viver essas meninas foi mais do que acertada. Olsen nos apresenta uma personagem insuportável, mal educada e sem o mínimo de noção das coisas. Ate agora não entendi muito bem se ela não percebe mesmo o que acontece ou finge não ver por estar acostumada a fazer tudo o que quer, mas o fato é que Elisabeth Olsen conseguiu dar vida própria a Gerry. Dakota Fanning, como sempre, nem parece que está atuando. Faz tudo com tanta naturalidade que ela e Lilly – sua personagem – quase se fundem em uma pessoa só.
O que poderia ser um filme de tema batido de início se transforma em uma história de descobertas. Após se encantar com um rapaz que trabalha na praia, Gerry e Lilly começam finalmente a andar no campo minado que é o fim da adolescência. Enquanto Lilly vive uma bonita história com David, (Boyd Holbrook) o rapaz da praia, vê sua família se desfazer diante das traições do pai e da depressão da mãe e ainda precisa se esquivar das investidas do chefe.
Gerry se mostra uma pessoa extremamente egoísta e perturbada e só o que faz é falar sobre si mesma e sua obseção por David. Ela sequer percebe que sua amiga é quem de fato está apaixonada por ele e que esse amor é pra lá de correspondido. Nem mesmo quando sua mãe tenta ajudar Lilly em relação ao assedio do chefe ela mostra algum tipo de apoio ou preocupação. Juro que houveram momentos em que tive vontade dar uns safanões naquela menina.
David e Lilly vivem um belo romance. Cercado de descobertas e novas experiências, é o envolvimento dos dois que começa a trazer à tona as complicações da vida adulta para o trio de personagens principais. Ate onde a amizade de Lilly e Gerry pode chegar sem mentiras ou egocentrismo, até que ponto esconder ou inventar algo pode proteger ou prejudicar qualquer tipo de relação.

“Garotas inocentes” é um típico filme de festival. Roteiro simples, uma história cotidiana com uma roupagem um pouco mais trabalhada e excelentes atuações. A fotografia e a paleta de cores em tons azulados são simplesmente fantásticas e a trilha sonora cativante. Em sua estreia como diretora, Naomi Foner Gyllenhaal, conseguiu mostrar a que veio.



FICHA TÉCNICA
Direção -  Naomi Foner Gyllenhaal
Roteiro - Naomi Foner Gyllenhaal
Compositora - Jenny Lewis
Produtor - Michael London
Produtora - Janice Williams
Produtora Executiva - Gale Anne Hurd
Produtor Executivo - Lee Clay
Diretor de fotografia - Bobby Bukowski

ELENCO
Elizabeth Olsen - Gerry
Dakota Fanning - Lilly Berger
Boyd Holbrook - David Avery
Ellen Barkin - Norma
Richard Dreyfuss - Danny
Demi Moore - Kate





terça-feira, 28 de junho de 2016

COPENHAGEN. Um filme para dar uma chance.





Encontrei esse filme perdido no catálogo da Netflix depois de horas de procuras as cegas. Sabe aquele dia que você pensa “Vou procurar algo aqui rapidinho pra ver” e três horas se passam e você ainda está lá sendo engolido por títulos e mais títulos? Pois bem, foi exatamente isso.  Procurei algumas informações a respeito já que as sinopses da Netflix são uma bosta  e não achei praticamente nada sobre. Então, tudo, tudo mesmo, nesse filme foi uma surpresa pra mim. Uma surpresa bem agradável, diga-se de passagem.
A premissa da história é um tanto batida no começo, mas se desenrola de uma forma que te faz ficar muito satisfeito. O personagem principal, Willian (Gethin Athony), está de passagem pela Europa acompanhado por um amigo. Willian aproveita sua estada em Copenhagen para procurar pelo avô paterno, que ele não conhece e que seu próprio pai não teve mais notícias desde que ainda era criança.
Nos primeiros minutos de filme já temos certeza de uma coisa: o personagem de Gethin Athony é um completo idiota. Ele passa os dias reclamando que transou menos na viagem do que esperava e tentando convencer seu amigo de que a namorada dele é uma vadia. Fazendo a linha de pessoa que afasta todo mundo a sua volta, Willian parte em busca do avô e conhece Effy (Frederikke Dahl Hansen). Por algum motivo que não entendemos, ela se propõe e a ajudá-lo em sua busca, principalmente com a interpretação do dinamarquês.
A partir daí o que vemos são belas tomadas da cidade dinamarquesa, diálogos simples e muita sensibilidade. Aos poucos Effy consegue fazer com que Willian baixe a guarda e comece a apreciar aquilo que vive, em vez de ficar reclamando. Começamos a entender que ela se apegou a ele por ele ser lindo por ser uma menina sozinha e cheia de problemas com o padrasto e que ele apenas precisava de alguém que o olhasse com um pouco mais de atenção.
Dahl Hansen domina a personagem com tanta precisão que, quando olhamos  pra ela, pensamos ser aquela nossa amiga good vibes que sempre quer ajudar. Isso sem contar que a química entre Effy e Willian funciona perfeitamente bem. Ao longo do filme, os personagens evoluem a olhos vistos e se torna quase impossível não esperar por um final feliz, mesmo sabendo que Willian voltará aos EUA em poucos dias.
Sem grandes pretensões, Copenhagen nos conquista por sua simplicidade e nos coloca para refletir sobre o que é certo ou errado em determinadas relações. Também somos colocados a pensar como certas escolhas (e renúncias) mudam por completo quem somos e a forma como vemos o mundo.
Com personagens conflitantes e de fácil identificação, belas paisagens, alguns dilemas morais e muita delicadeza, é uma bela pedida para aqueles dias em que você quer um filme para relaxar sem deixar de questionar algumas coisas.





 FICHA TÉCNICA
Direção: Mark Raso
Música: Agatha Kaspar
Roteiro: Mark Raso
Figurino: Rocio Lopez

ELENCO
Frederikke Dahl Hansen - Effy
Gethin Anthony - Willian
Sebastian Armesto - Jeremy

segunda-feira, 27 de junho de 2016

POMPÉIA. Um clichê recheado de clichês.




Dia desses assisti a um filme com o Kit Harington (escrevi sobre ele aqui no blog, inclusive) e fiquei tão feliz com a atuação dele que me dei ao trabalho de pesquisar sua filmografia a procura de mais alguma coisa interessante. Pois bem... Encontrei um filme perdido na lista que me agradou muito em um primeiro momento. “Pompéia” me pareceu o tipo de filme pra dar aquela relaxada no meio de semana, sabe? Bom elenco, cenas de lutas com espadas e animais, gladiadores e um romancesinho pra dar aquela acalmada nos nervos. Bom... Devo adiantar que uma coisa eu aprendi nesse filme: Gladiadores + Romances + Coisas Explodindo, definitivamente não é uma boa fórmula. Ou se luta, ou se ama ou se explode coisas. Essas três coisas juntas são uma decepção eminente. 

Já na primeira cena do filme meus olhos arderam. Do nada um cara aparece, sabemos que ele é o vilão, pois mata uma criança. Ok. Depois outro cara; dessa vez bonito, forte e com cara de sofredor. O mocinho, óbvio. Depois a pá de cal para o tsunami de clichês que estava por vir. O mocinho que ama os animas defende um cavalo e faz com que a moça rica e nobre se apaixone por ele á primeira vista, então ela joga na nossa cara uma frase mais ou menos assim “Eu vejo a nobreza em seu coração”.
Respirei fundo e mentalizei no elenco. Emily Browning, Kiefer Sutherland, Adewale Akinnuoye-Agbaje e companhia não deram conta de segurar o rojão que o diretor Paul W.S. Anderson jogou em suas mãos antes de sair correndo. Com um roteiro sofrível, vemos que de “Pompeia” o filme não nada; talvez um pano de fundo bem desbotado e nada mais. O vulcão Vesúvio poderia ser substituído por qualquer tipo de catástrofe e ninguém notaria, aliás, o filme poderia ter como subtítulo algo do tipo “999 maneiras diferentes de morrer” já que na Pompéia de W.S. Anderson, de mordida de tigre a pisoteamento, de tudo se morre. Mais um pouco e não sobraria ninguém para o vulcão levar embora.
Sem química nenhuma, a tentativa malsucedida de casal o casal principal Milo (Kit Harington) e Cassia (Emily Browning) não convence em absolutamente nada. A personagem de Emily Browning não faria falta nenhuma a história e só está lá para ser resgatada no final, nada mais. Já Kit Harington não atua (e eu não estou usando nenhuma metáfora, ele não atua mesmo) e passa o filme todo exibindo seu maravilhoso abdômen. Seja deitado em sua cela, encostado em grades ou querendo se vingar; ele está sempre com cara de quem está no meio de uma seção de fotos para uma marca de cuecas, posando todo sexy com seu cabelo cuidadosamente caído sobre os olhos, numa tentativa vergonhosa do diretor em transformá-lo em um sex simbol. Para aqueles que esperam para ouvir seu lindo sotaque inglês: Esqueça! Se ele tiver dez linhas de fala em todo o roteiro é muito.
 O que é interessante nesse filme é que a relação de Milo com seu companheiro de cela, vivido por Adewale Akinnuoye-Agbaje, convence mais que qualquer outra coisa. Eles conseguem prender nossa atenção durante as lutas na arena de gladiadores e nos faz torcer por um final descente para ambos. Inclusive, o filme poderia ter se tornado algo muito mais interessante se focasse na relação desses dois personagens e sua determinação em parar de lutar nas arenas de Pompéia.  Não sei que raio de encanação que esse povo tem de sempre ter que colocar um casal romântico em um filme!
 A única coisa nesse filme que realmente surpreende e prende o espectador é a qualidade técnica dos efeitos especiais. Muita explosão, muita coisa voando e nossa cabeça prestes a explodir com a música alta e uma costura de cena quase vertiginosa. Porém, a música alta não é capaz de tapar os buracos deixados por uma história que, além de batida, é mal contada e mal dirigida. Pensando bem, o filme tem sim algo de Pompéia... Ambos foram grandes desastres.





FICHA TÉCNICA

Diretor: Paul W.S. Anderson
Roteiro: Paul W.S. Anderson, Scott Batchler, Robert Johnson
Produção: Jeremy Bolt, Don Carmody
Produtor de set: Martin Moszkowicz, Jon Brown
Diretor de fotografia: Glen MacPherson

ELENCO

Kit Harington - Milo
Carrie-Anne Moss - Aurelia
Emily Browning - Cassia
Adewale Akinnuoye-Agbaje - Atticus
Jessica Lucas - Ariadne
Kiefer Sutherland - Corvus




sexta-feira, 24 de junho de 2016

FERRUGEM E OSSO. Um filme que é um verdadeiro soco no estômago.




Eu sempre gostei de cinema francês. Sempre mesmo. Me lembro  que, ainda criança, lá na paleozoica década de noventa, ficava acordada até tarde assistindo a uns filmes franceses em preto e branco que passavam na Band. Maravilhosas versões de “A Bela e a Fera” e “A Família Adams” fizeram minha cabeça explodir naquela época. O que dizer da poesia de “Gigot”, o adorável grandalhão que nunca conseguia comer biscoitos inteiros? Apesar de ser uma comédia, é um dos filmes mais tocantes que já vi.
O fato é que o cinema francês sempre esteve presente para mim e eu nunca consegui entender o que me chamava tanta atenção. E foi assistindo a “Ferrugem e Osso” que eu me lembrei o porque de amar tanto a forma como os franceses  filmam. Eles filmam sem frescura, sem pudor e a maioria dos filmes tem uma entrega de cena quase visceral. E é isso que vemos em “Ferrugem e Osso”.
Divulgação
O filme conta a história de Alain (Matthias Schoenaerts) um homem bronco que está desempregado e vive com o filho, de apenas cinco anos. Ele parte para a casa da irmã em busca de ajuda e acaba conseguindo um emprego como segurança de boate. É justamente neste emprego que ele conhece Stéphanie (Marion Cotillard), uma jovem independente e aparentemente segura de si, que acaba se tornando um ponto de apoio importante em sua vida totalmente bagunçada.
Seguimos sendo apresentados aos personagens de maneira gradual. A vida sem rumo de Alain e sua completa falta de jeito com o filho; as decisões fortes de Stéphanie contrastada com sua sensibilidade ao treinar orcas em um parque aquático. E é justamente neste parque aquático que ela sofre um acidente e perde as duas pernas. O que vemos a partir daí é uma sucessão de cenas fortes e emocionantes e atuações de tirar o fôlego.  
Os personagens que se encontram pela primeira vez em uma boate – um feliz pelo trabalho novo e outro dançando como se não houvesse amanhã – e logo no segundo encontro já estão marcados por todos os tipos de dores. A partir deste ponto, somos arremessados para fora do avião sem paraquedas.
Divulgação
Relações intensas, diálogos fortes e dor, muita dor. O que faz de “Ferrugem e Osso” um filme tão forte é a forma como os sentimentos são exteriorizados. Nada de lágrimas, músicas tristes ao fundo ou escorregadas pela porta. Tudo o que se passa pela mente dos personagens, seus corpos sentem, e nós conseguimos ver com riqueza de detalhes. Nenhum medo ou angústia passa impune a força física. Alain briga com o filho e o empurra contra um sofá fazendo com que o menino bata a cabeça em uma quina, o menino chora pelo susto, mas não pela dor. Alias, nesse filme ninguém chora, ninguém parece ter tempo a perder com sensibilidade.
O personagem de Matthias Schoenaerts corre, grita, bate no filho, briga com a irmã, se envolve em lutas clandestinas para conseguir dinheiro e, em meio a esse turbilhão de acontecimentos ele não derruba uma única lagrima - sequer fica pensativo – nem mesmo quando deixa o menino para ser criado pela tia.
Divulgação
A atuação de Marion Cotillard é algo quase surreal. As dificuldades enfrentadas no pós-operatório de sua amputação, a adaptação à nova casa e a nova condição de vida, o amor a Alair que ela tenta reprimir... Tudo é feito com uma entrega absurda. Aliás, vale ressaltar o excelente uso de efeitos especiais neste filme. Graças a eles somos presenteados com cenas tocantes de Stéphanie; como o seu primeiro banho de mar após perder as duas pernas. Fica muito difícil acreditar que Marion não seja uma amputada.
A relação de sua personagem com Alair é quase selvagem. Muito sexo, mas nada de beijos ou abraços. Stéphanie não se rende nem mesmo ao acompanhá-lo nas lutas e sequer torce o nariz ao ver o rosto quase desfigurado do parceiro. Juntos, ambos protagonizam belas cenas; como a que ele a ajuda a chegar até o banheiro e depois ambos começam a rir.
Divulgação
O diretor Jacques Audiard usa de closes e muita câmera na mão para nos manter próximos dos personagens, mas lhe dando o espaço suficiente para extravasar os sentimentos a qualquer minuto. conseguimos compreender isso já nos primeiro minutos; quando Alair rouba para poder alimentar o filho. O diretor nos faz entrar com ele na loja quase que como cúmplices, nos preocupamos se ele será pego e então somos colocados  para correr em seu encalço até a praia onde o menino o espera; depois somos gentilmente convidados a observá-los de muito longe. É como se Audiard nos dissesse que seus personagens precisam de muito espaço para poderem ser quem realmente são.
Ele volta a se valer deste recurso nas cenas da adaptação de Stéphanie as próteses. Primeiro muito perto, quase a ajudando a encaixar as peças, depois de longe, permitindo que ela mesma decida o que quer e pode fazer. Sem poupar o espectador de nada, Audiard mostra cicatrizes, cortes profundos e nu frontal sem nenhuma cerimônia e é preciso ao dar humanidade aos seus personagens sem que eles se percam no vitimismo.
Com uma cena forte e muito tensa, vemos o personagem de Schoenaerts quebrar as duas mãos enquanto tenta romper uma grossa camada de gelo para salvar o filho de morrer congelado. É nessa cena que entendemos porque ficamos quase estáticos diante da tela por mais de duas horas e também o porque deste filme ter sido aplaudido em pé por mais de dez minutos no Festival de Cannes em dois mil e doze. 





FICHA TÉCNICA
Direção - Jacques Audiard
Roteirista - Thomas Bidegain
Compositor - Alexandre Desplat
Produtor - Jacques Audiard
Produtor - Pascal Caucheteux


ELENCO
Marion Cotillard - Stéphanie
Matthias Schoenaerts - Alain van Versch
Céline Sallette - Louise
Corinne Masiero - Anna
Bouli Lanners - Martial
Yannick Choirat - Simon