sexta-feira, 24 de junho de 2016

FERRUGEM E OSSO. Um filme que é um verdadeiro soco no estômago.




Eu sempre gostei de cinema francês. Sempre mesmo. Me lembro  que, ainda criança, lá na paleozoica década de noventa, ficava acordada até tarde assistindo a uns filmes franceses em preto e branco que passavam na Band. Maravilhosas versões de “A Bela e a Fera” e “A Família Adams” fizeram minha cabeça explodir naquela época. O que dizer da poesia de “Gigot”, o adorável grandalhão que nunca conseguia comer biscoitos inteiros? Apesar de ser uma comédia, é um dos filmes mais tocantes que já vi.
O fato é que o cinema francês sempre esteve presente para mim e eu nunca consegui entender o que me chamava tanta atenção. E foi assistindo a “Ferrugem e Osso” que eu me lembrei o porque de amar tanto a forma como os franceses  filmam. Eles filmam sem frescura, sem pudor e a maioria dos filmes tem uma entrega de cena quase visceral. E é isso que vemos em “Ferrugem e Osso”.
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O filme conta a história de Alain (Matthias Schoenaerts) um homem bronco que está desempregado e vive com o filho, de apenas cinco anos. Ele parte para a casa da irmã em busca de ajuda e acaba conseguindo um emprego como segurança de boate. É justamente neste emprego que ele conhece Stéphanie (Marion Cotillard), uma jovem independente e aparentemente segura de si, que acaba se tornando um ponto de apoio importante em sua vida totalmente bagunçada.
Seguimos sendo apresentados aos personagens de maneira gradual. A vida sem rumo de Alain e sua completa falta de jeito com o filho; as decisões fortes de Stéphanie contrastada com sua sensibilidade ao treinar orcas em um parque aquático. E é justamente neste parque aquático que ela sofre um acidente e perde as duas pernas. O que vemos a partir daí é uma sucessão de cenas fortes e emocionantes e atuações de tirar o fôlego.  
Os personagens que se encontram pela primeira vez em uma boate – um feliz pelo trabalho novo e outro dançando como se não houvesse amanhã – e logo no segundo encontro já estão marcados por todos os tipos de dores. A partir deste ponto, somos arremessados para fora do avião sem paraquedas.
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Relações intensas, diálogos fortes e dor, muita dor. O que faz de “Ferrugem e Osso” um filme tão forte é a forma como os sentimentos são exteriorizados. Nada de lágrimas, músicas tristes ao fundo ou escorregadas pela porta. Tudo o que se passa pela mente dos personagens, seus corpos sentem, e nós conseguimos ver com riqueza de detalhes. Nenhum medo ou angústia passa impune a força física. Alain briga com o filho e o empurra contra um sofá fazendo com que o menino bata a cabeça em uma quina, o menino chora pelo susto, mas não pela dor. Alias, nesse filme ninguém chora, ninguém parece ter tempo a perder com sensibilidade.
O personagem de Matthias Schoenaerts corre, grita, bate no filho, briga com a irmã, se envolve em lutas clandestinas para conseguir dinheiro e, em meio a esse turbilhão de acontecimentos ele não derruba uma única lagrima - sequer fica pensativo – nem mesmo quando deixa o menino para ser criado pela tia.
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A atuação de Marion Cotillard é algo quase surreal. As dificuldades enfrentadas no pós-operatório de sua amputação, a adaptação à nova casa e a nova condição de vida, o amor a Alair que ela tenta reprimir... Tudo é feito com uma entrega absurda. Aliás, vale ressaltar o excelente uso de efeitos especiais neste filme. Graças a eles somos presenteados com cenas tocantes de Stéphanie; como o seu primeiro banho de mar após perder as duas pernas. Fica muito difícil acreditar que Marion não seja uma amputada.
A relação de sua personagem com Alair é quase selvagem. Muito sexo, mas nada de beijos ou abraços. Stéphanie não se rende nem mesmo ao acompanhá-lo nas lutas e sequer torce o nariz ao ver o rosto quase desfigurado do parceiro. Juntos, ambos protagonizam belas cenas; como a que ele a ajuda a chegar até o banheiro e depois ambos começam a rir.
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O diretor Jacques Audiard usa de closes e muita câmera na mão para nos manter próximos dos personagens, mas lhe dando o espaço suficiente para extravasar os sentimentos a qualquer minuto. conseguimos compreender isso já nos primeiro minutos; quando Alair rouba para poder alimentar o filho. O diretor nos faz entrar com ele na loja quase que como cúmplices, nos preocupamos se ele será pego e então somos colocados  para correr em seu encalço até a praia onde o menino o espera; depois somos gentilmente convidados a observá-los de muito longe. É como se Audiard nos dissesse que seus personagens precisam de muito espaço para poderem ser quem realmente são.
Ele volta a se valer deste recurso nas cenas da adaptação de Stéphanie as próteses. Primeiro muito perto, quase a ajudando a encaixar as peças, depois de longe, permitindo que ela mesma decida o que quer e pode fazer. Sem poupar o espectador de nada, Audiard mostra cicatrizes, cortes profundos e nu frontal sem nenhuma cerimônia e é preciso ao dar humanidade aos seus personagens sem que eles se percam no vitimismo.
Com uma cena forte e muito tensa, vemos o personagem de Schoenaerts quebrar as duas mãos enquanto tenta romper uma grossa camada de gelo para salvar o filho de morrer congelado. É nessa cena que entendemos porque ficamos quase estáticos diante da tela por mais de duas horas e também o porque deste filme ter sido aplaudido em pé por mais de dez minutos no Festival de Cannes em dois mil e doze. 





FICHA TÉCNICA
Direção - Jacques Audiard
Roteirista - Thomas Bidegain
Compositor - Alexandre Desplat
Produtor - Jacques Audiard
Produtor - Pascal Caucheteux


ELENCO
Marion Cotillard - Stéphanie
Matthias Schoenaerts - Alain van Versch
Céline Sallette - Louise
Corinne Masiero - Anna
Bouli Lanners - Martial
Yannick Choirat - Simon

quinta-feira, 23 de junho de 2016

PRECISAMOS FALAR SOBRE “COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ”.




Bom, vamos lá... Acabo de sair do cinema e ainda estou meio aérea como o que vi, e muito emocionada também. Eu não sou parâmetro para chorar em filme já que choro ate em comercial de TV, mas devo dizer que em matéria de levar o lencinho no bolso, “Como eu era antes de você” fez a lição de casa e ganhou pontinho no caderno.
Eu não preciso nem dizer que este post vai estar soltando spoiler pelas beiradas, né? 



Muito bem, vamos ao que interessa... Li  o livro de Jojo Moyes há algum tempo e fui simplesmente nocauteada pela escrita dessa mulher. Não, ela não é nenhum gênio da escrita, mas este é o ponto; seus livros me ganharam pela simplicidade. Uma escrita fluida, desembaraçada e que trata com leveza assuntos pesados.  Os personagens de Jojo são gente como a gente; Passam perrengue de dinheiro, se questionam por não ter um rumo certo na vida, e por ai vai. Foram esses personagens que me fizeram chorar baldes enquanto lia “Como eu era antes de você” e que me fizeram ficar pensando por alguns dias como seria suas vidas caso o desfecho da história fosse diferente.
Pois bem... Fiquei muito curiosa em ver o filme, principalmente depois que soube que Daenerys Emilia Clarke faria o papel principal, e devo dizer que não me decepcionei.
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A história – como a maioria deve saber – é sobre Louisa Clark (Emilia Clarke), uma moça de vinte e seis anos que nasceu e cresceu em uma cidadezinha do interior da Inglaterra e está há anos no mesmo emprego e empurrando um relacionamento falido. Quando ela se vê sem o emprego que tinha há mais de sete anos e precisando ajudar a família que sempre está com problemas de dinheiro, aceita uma vaga como cuidadora de homem tetraplégico, Will (Sam Claflin). A família de Will vê em Louisa a esperança que eles haviam perdido de que ele deixasse de ser uma pessoa amargurada e hostil. E é a partir daí que a história se desenrola. Tudo bom, tudo muito bonito, não fosse o fato de Will ter programado um suicídio assistido para dali há seis meses.
Esta morte programada movimenta o enredo e nos coloca para pensar com a cabeça de quase todos os personagens. É impossível não se emocionar com a angústia de Camila (Janet McTeer), a mãe de Will, que está sempre tensa em cena como se tentasse frear o tempo com as próprias mãos.  Ou com seu pai, Esteven Traynor (Charles Dance), que apenas quer que o filho aproveite a vida ao máximo e tenha um fim digno.
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Louisa Clark, ou Lou, é um capítulo a parte. Uma personagem cativante que, apesar de parecer boba, não é idiota. Lou consegue trazer luz a trama com suas roupas coloridas e riso fácil mesmo nas piores situações. A família de Lou também faz um contraponto muito interessante com a de Will, uma vez que a família dele é tradicional e muito rica e vive em um casa onde, aparentemente, nunca há nada fora do lugar e a dela é uma família grande que vive em uma casa pequena, sempre muito movimentada e barulhenta.
Emilia Clarke conseguiu dar o tom certo a personagem e nos faz cair ainda mais de amores por Lou em questão de minutos. Já Sam Cliflin tropeça um pouco e não deixa muito claro o que leva seu personagem a optar por algo tão radical. Sim, sentimos seu sofrimento, suas angustias, mas faltou algo um pouco mais intenso. Ainda assim, Will Traynor é apaixonante.
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Houve muita polêmica envolvendo a obra de Jojo Moyes. Primeiro criticaram o livro por romantizar a tetraplegia, depois grupos ativistas dos direitos humanos acusaram a obra de incitar o suicídio e fazer pouco de quem vive nesta condição. Mais tarde quiseram boicotar o filme por não ter colocado um ator tetra no papel de Willian Traynor. Vamos aos fatos... Colocar um ator tetraplégico seria impossível, uma vez que há cenas anteriores ao acidente que deixa o personagem de Cliflin na cadeira de rodas em que ele aparece correndo, esquiando e pulando de penhascos.
Quanto as outras polêmicas, quem ver o filme vera uma história leve, emocionante e que nos faz refletir. Ao contrário do que muitos pensam, “Como eu era antes de você” não é um filme sobre romance, mas sim um filme sobre amor. O amor dos pais que tentam manter o filho vivo; o amor de Louisa que deixa a própria tristeza de lado para dar conforto a Will em suas últimas horas e, principalmente o amor de Will por todos aqueles que o cercam. Apesar dos toques de humor na história, se olharmos com um pouco mais de atenção – tanto no filme quanto no livro – percebemos que a decisão pelo suicídio assistido foi tomada de maneira altruísta; para garantir que ninguém mais tivesse de ficar preso a nada, para que pudessem viver suas vidas com toda plenitude e não mais em função dele. Will nada mais faz do que deixar que as pessoas a sua volta retomem a vida que tinham antes de seu acidente; coisa que ele sabia que jamais conseguiria fazer. Isso fica muito claro quando ele diz a Lou que não suportaria viver sabendo que ela seria privada de tudo o que uma outra pessoa poderia lhe proporcionar. Jojo Moyes, nos mostra com leveza que o amor não é egoísta e pode ser encontrado em todos os atos.
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Como uma trilha sonora cheia de músicas da nova geração indie rock - como Imagine Dragons e Max Jury - e com uma fotografia espetacular, “Como eu era antes de você”, sem duvidas, é um filme que nos coloca para pensar sobre nossas escolhas.











FICHA TÉCNICA
Título Original - Me Before You
Roteirista - Jojo Moyes
Autor da obra original - Jojo Moyes
Produtora - Karen Rosenfelt
Produtora - Alison Owen
Produtora Executiva - Sue Baden-Powell
Diretor de fotografia - Remi Adefarasin

ELENCO
Emilia Clark - Louisa Clark
Sam Claflin - William Traynor
Janet McTeer - Camilla Traynor
Charles Dance - Steven Traynor
Brendan Coyle - Bernard Clark
Jenna Coleman - Katrina Clark
Matthew Lewis - Patrick
Vanessa Kirby - Alicia
Stephen Peacocke - Nathan

quarta-feira, 22 de junho de 2016

CRÍTICA: Wildlike, coração selvagem.




 Vamos começar pelo seguinte: vou chamar o filme apenas de Wildlike porque odiei o titulo em português , pra mim, de "coração selvagem" esse filme não tem é nada. Está mais para corações confusos e assustados.
Então vamos lá. Fiquei muito surpresa com esse filme, de verdade. Encontrei ele por acaso por ai e fui com a cara da capa e não me arrependi nenhum pouco. É bem o estilo de filme que gosto, que trata de assuntos pesados com leveza e não fica tentando explicar o obvio através de diálogos desnecessários.
Wildlike começa de forma simples, apresentando a protagonista Mackenzie (Ella Purnell) como uma adolescente  chata calada, que ainda vivia o luto pela morte do pai. Por conta disso, Jane (Diane Farr), mãe de Mackenzie, manda a menina para o Alaska para passar uma temporada com o irmão de seu falecido pai (papel de Brian Geraghty).
De início a relação entre Mackenzie e seu tio parece muito cordial e respeitosa, apesar de tensa. Porém, com o passar dos dias, o personagem de Geraghty começa a ver a sobrinha com outros olhos. O conflito do personagem fica claro e chegamos a pensar que ele se puniria de alguma forma por isso, mas o que vemos na cena seguinte é o assedio que a adolescente de quatorze anos sofre do tio.
A partir desse ponto, a história fica angustiante e assume ares de suspense. A tensão da menina quando se aproxima a hora da volta do tio para casa, nos deixa quase sem ar e nos faz querer ajuda-la de alguma forma. Depois de algumas noites de abuso e tentativas do tio de culpa-la pelo que estava acontecendo, Mackenzie foge e o ritmo do filme muda. O que vemos em tela agora é uma fuga repleta de aprendizados e descobertas.
Mackenzie conhece Rene um viúvo amargo que refazia a rota de sua lua de mel em homenagem e falecida esposa e encontra nele a proteção que precisa para encarar a viagem de volta para casa. Juntos, eles aprender a lidar com suas perdas e a encarar as descobertas de uma maneira mais aberta. Ella Purnell consegue dar o tom exato a personagem e mesclar com perfeição o fim da infância com o início de uma vida com mais responsabilidades e amadurecimento. Já o personagem de Greenwood encontra na menina a vivacidade que perdeu depois da morta da mulher e se mostra uma pessoa doce e cuidadosa. A cena em que ela pede para que ela pare de falar palavrões é impagável.
É durante este arco do filme que percebemos o erro no subtítulo em português. Mackenzie não era rebelde, não era selvagem; apenas não sabia quem era. Sem pai, sem o apoio da mãe abusada pelo tio mais próximo, a personagem de Purnell passa o filme oscilando entre medos infantis e preocupações dignas de vida adulta enquanto tenta recuperar a vida que tinha antes dos abusos.
Nas últimas tomadas, o tio de Mackenzie reaparece em uma perseguição angustiante e o filme volta a ter ares de suspense. Sem muitos diálogos e com ações cheias de significados, aos poucos, os personagens encontram seus desfechos e o controle das próprias vidas.
Wildlike conquista por ser um filme despretensioso. Fotografia simples, trilha sonora mediana, mas com tomadas e sequencias que conseguem prender o expectador e o faz criar uma empatia e até certa identificação com seus personagens principais. Wildlike foi, sem dúvida, uma grata surpresa.





FICHA TÉCNICA
Título Original - Wildlike
Ano - 2014
Diretor - Frank Hall Green


ELENCO
Ella Purnell - Mackenzie
Bruce Greenwood - Rene Bartlett
Diane Farr - Jane
Brian Geraghty - Uncle
Nolan Gerard Funk - Tommy

terça-feira, 21 de junho de 2016

CRÍTICA: Livre






        Expressões de prazer vindas de trás de uma moita em uma montanha.  No quadro seguinte, a expressão que pensamos ser de prazer, na verdade era de dor, muita dor. Uma unha inteira arrancada com um único puxão e muito sangue. Logo depois um tênis de caminhada arremessado no meio do rochedo e o grito misto desespero e raiva.  A imensidão da Pacific Crest Trail (trilha de 4.200 Km, que inclui toda a costa oeste dos Estados Unidos, da fronteira com o México até o Canadá) a frente, pronta para ser conquistada.
É assim que somos apresentados a incrível jornada de Cheryl Strayed (Reese Witherspoon).  Baseado no livro "Livre - A Jornada de Uma Mulher Em Busca do Recomeço”, o filme narra a dramática historia de uma mulher que, após a morte da mãe, perde por completo o rumo de sua vida e tenta se reencontrar em uma caminhada que dura meses. E é nesse primeiro quadro que temos ideia do que nos espera pelos próximos cento e vinte minutos de filme. 
Sem seguir uma ordem cronológica dos acontecimentos, somos apresentados aos poucos a uma mulher bem sucedida, bem casada e boa filha que se tornou uma viciada em heroína que passava os dias traindo o marido com estranhos aleatórios. As dificuldades encontradas por Cheryl durante a trilha vão conversando com seu passado de maneira despretensiosa e nos faz sentir uma imensa vontade de abraça-la ou socorrê-la em vários momentos.

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  Witherspoon mostra porque venceu Jennifer Lawrence, Scarlett Johansson e Emma Watson na disputa para o papel de Cheryl e nos faz entender porque Livre é um filme de sentimentos, um filme de atriz. Com pouca fala e muita expressão, ela nos faz entender e compreender as escolhas de sua personagem e apoia-la nas mais estranhas decisões.

Livre é um filme carregado de significados e isso fica claro pela escolha de Cheryl em cruzar um caminho tão longo. Alem do autoconhecimento, aquele foi o caminho que a levou de volta ao que era, e também ao encontro de quem ela gostaria de ser. É este caminho também que coloca a prova todas as suas relações; seja com o ex-marido que lhe envia suprimentos e algum dinheiro, ou com amigos que lhe escrevem belas cartas de apoio. Nestes pontos, a historia passa uma mensagem clara “para encontrar quem somos, mesmo sozinhos, precisamos de ajuda”. Sozinha em boa parte dos 4.200km de sua caminhada, a personagem de Witherspoon ri, chora, sofre ameaças, encara medos, fome e frio sem perder a essência.
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Com uma fotografia maravilhosa, trilha sonora afiada e direção descomplicada; Livre nos prende do começo ao fim e nos desperta as mais variadas sensações. Se a intenção da produtora de Reese Witherspoon ao lutar com unhas e dentes pelos direitos de adaptação da obra e contratar um time de dar inveja para sua execução (canadense Jean-Marc Vallée, o nome do momento desde Clube de Compras Dallas; e o escritor e roteirista Nick Hornby, cultuado por trabalhos como Alta Fidelidade, Um Grande Garoto) ela, assim como sua personagem, conseguiu encontrar seu caminho.






FICHA TÉCNICA
Título original: Wilde
Direção: Jean-Marc Vallée
Autora: Cheryl Strayed
Roteiro: Nick Hornby

ELENCO
Reese Witherspoon - Cheryl
Laura Dern - Bobbi
Thomas Sadoski - Paul
Keene McRae - Leif

Michiel Huisman - Jonathan

segunda-feira, 20 de junho de 2016

CRÍTICA: Juventudes Roubadas




Para quem gosta de dramas de guerra, Juventudes Roubadas é um prato cheio. Baseado no livro de memórias da Primeira Guerra Mundial, escrito por Vera Mary Brittain, filme conta a história de uma jovem da aristocracia inglesa (a própria Vera) que vê seu círculo de amizades e também o familiar desmoronar com a chegada da Primeira Guerra.
Vera vive uma vida tranquila na propriedade da família e se mostra uma jovem a frente de seu tempo quando demonstra seu interesse em ingressar na Universidade de Oxford e tornar-se uma escritora. Muito ligada ao irmão Edward (Taron Egerton), é nele que Vera encontra apoio para colocar seus planos em prática; e é justamente no circulo de amigos do irmão que ela conhece o jovem Roland Leighton (Kit Harington) com quem vive um romance cheio de limitações.
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Quando a vida de Vera parecia perfeita, eis que irrompe a Primeira Guerra e todos os homens de seu convívio (inclusive Roland e Edward) são enviados para os campos de batalha. Tomada pelo desespero e pela angustia causada pela falta de noticias, Vera abandona faculdade e se alista como enfermeira, na tentativa de ficar mais próxima do irmão e, do agora noivo, Roland. 
O diretor James Kent consegue acertar o tom e fugir dos clichês das historias de guerra com uma narrativa descomplicada e sensível. Com tomadas curtas e algumas câmeras na mão ele coloca o espectador como um seguidor próximos dos personagens, principalmente de Vera.
A personagem - brilhantemente interpretada por Alicia Vikander – tinha tudo para se perder na máxima da menina rica com aspirações a rebeldia, mas o que vemos é uma jovem forte, que luta pelo que acha correto sem perder a delicadeza característica da época, e que também não hesita em demonstrar seus sentimentos, não importa em que situação.
As cenas entre os personagens de Vera e Roland são um capitulo a parte. Kit Harington finalmente colocou nas telas o que aprendeu nos palcos da West End e mostrou que sabe fazer outras coisas alem da eterna cara de choro de Jon Snow; dando a seu personagem uma roupagem cheia de sensibilidade, mesmo depois de presenciar os horrores da guerra.

   
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Harington e Vikander convencem como um casal que sofre pela distância nos detalhes. A cena mais intensa dos dois é uma tomada que não deve durar mais que cinco segundos, um simples momento em que Vera cheira o pescoço de Roland como se tentasse guardar na memória o perfume do amado que voltava para as trincheiras; Vikander faz isso com tanta verdade que, naqueles poucos segundos, conseguimos sentir cada uma de suas aflições e seus medos.

Não seria errado dizer que Juventudes Roubadas é um filme cansativo por conta de sua duração; contudo é uma obra muito bem executada. Conseguimos, sem esforço, captar os conflitos dos personagens e suas dores e nos colocamos a imaginar como deve ter sido a vida Vera Brittain após todos estes eventos traumáticos. Sem perceber, nos colocamos em seu lugar em diversas situações.
Com uma fotografia impecável, direção sensível e belas atuações; tenho certeza que se a verdadeira Vera ainda estivesse viva, ficaria muito satisfeita com o que viu em Juventudes Roubadas.






FICHA TÉCNICA

Título original: Testament of Youth
Distribuidor:  SONY PICTURES
Ano de produção: 2014
Tipo de filme: Longa-metragem
Direção: James Kent
Roteiro: Juliette Towhidi
Trilha Sonora: Max Richter

ELENCO

Alicia Vikander  Vera Brittain
Kit Harington  Roland Leighton
Adam Ganne  Dying Officer
Alan Billingham  Uppingham Parent
Amanda Fairbank-Hynes
Anna Chancellor  Mrs. Leighton
Charlotte Hope  Betty
Colin Morgan  Victor Richardson
Dominic West  Mr. Brittain
Emily Watson  Mrs. Brittain