domingo, 10 de julho de 2016

TERMINEI DOWNTON ABBEY, E AGORA?





Eu geralmente não sou aloka da série, mas de uns tempos pra cá devo admitir que tenho me dedicado mais a esse oficio. É meio difícil escolher série já que é uma coisa que você terá de fazer um bom tempo. Seja fazendo maratonas que duram dez ou doze horas ou vendo um episódio aqui outro ali.
Antes do começo da última temporada de Game Of Thrones eu fiquei meio ansiosa e resolvi procurar por algo que fizesse o tempo passar mais rápido ate o dia da estréia, foi então que encontrei Downton Abbey pela frente. Pesquisei por algum tempo e realmente me interessei pela série que retratava a vida e os dilemas da aristocracia inglesa no inicio do século passado. A série também tinha um número razoável de temporadas e um time de atores de ar inveja. Decidido! Comecei Downton Abbey.
De começo eu simplesmente AMEI. Um enredo que se desenrolava sem pressa, mas permitia diversos acontecimentos que, pensava eu, deixariam um ponto importante para coisas surpreendentes; atuações magníficas eu uma fotografia de cair o queixo. Downton Abbey definitivamente era um tipo de coisa a qual eu adorava assistir, ate o fim da primeira temporada. O ponto central da historia é a busca da família Crawley por um herdeiro que pudesse assumir o condado  de Grantham e consequentemente a propriedade que dá nome a série. De início eu imaginei que a busca desse herdeiro duraria vários episódios que causaria situações de todos os tipos. Primeira decepção: Logo um herdeiro é encontrado e o mistério acaba. O que se segue após isso é uma interminável sequencia de jantares, criticas a roupas e a estilos de vida e algumas criticas e lições meio ultrapassadas, como a questão dos criados da casa.
Downton Abbey tinha nas mãos um arsenal poderoso para reviravoltas de tirar o fôlego, mas não soube usar absolutamente nada. Os criados, por exemplo, tudo veem e sabem, mas não usam pra nada. Em uma casa com mais de vinte criados, só dois são intrigueiros e o resto ama o trabalho cegamente. Há uma intensa ligação entre o mordomo e a filha mais velha dos Crawley, Mary (Michelle Dockery), que poderia ter sido usada para qualquer coisa. De suspeita de paternidade a traição qualquer coisa poderia acontecer ali, mas não aconteceu. Apenas uma admiração que ninguém entende já que ela é simplesmente insuportável. Ainda nos criados, os vilões aprontam de  tudo, inclusive causam a perda do bebe que poderia ser o herdeiro legitimo do condado. E daí? E daí nada! Em uma das últimas temporadas um deles simplesmente sai na calada da noite e desaparece e o outro é promovido a mocinho injustiçado.
As três filhas da família Crawley são um capítulo a parte. Mary é arrogante, prepotente, preconceituosa e mesquinha e vive ferrando com a vida das irmãs no nariz de todo mundo e ninguém se manifesta. Edith (Laura Carmichael) passa a série toda se fudendo e sendo chamada de encalhada e Sybil (Jessica Brown Findlay) rompe com a família para viver um grande amor com o motorista que não acreditava em aristocracia, mas depois acaba por cair de amores pela família da moça.
Downton Abbey é um festival de conceitos ultrapassados. Tudo se desenrola como se fosse nos surpreender mas acaba por cair no poço sem fundo das moral e dos bons costumes. Quando uma prima da família se envolve com um cantor de jazz negro (um escândalo interminável para a época) pensamos que ela vai passar por cima de todo mundo e viver um amor daqueles de nos deixar suspirando após o episódio, mas ela nada mais faz que ser conduzida para um casamento com um jovem branco e aristocrata. É bem verdade que ela também se apaixona por ele, mas o que incomoda de verdade é a infinidade de vezes que repetem para ela que esse sim é um bom casamento. Mais uma vez perdem a chance de surpreender.
Mary apronta todas, uma moça a frente de seu tempo. Mas nada do que ela faz é utilizado no roteiro para causar suspense. Nem mesmo  a morte de um jovem desconhecido em sua cama causa algum transtorno. Em contraponto, as tramas dos criados são bem escritas e conduzidas, embora ainda assim deixem a desejar em certos aspectos.

Mas nem só de decepções vive Downton Abbey. O que dizer de Maggie Smith no papel de Violet Crawley? Que atriz maravilhosa, que personagem apaixonante! A fotografia é simplesmente sensacional. Todas as cenas externas foram gravadas em um condado de verdade e apenas a famosa cozinha dos criados foi reproduzida em estúdio. Ponto para os produtores! Os figurinos são maravilhosos e cabe a eles nos ambientar nas passagens de tempo. Outro ponto para os produtores!
            Downton Abbey não é uma série ruim, mas cansativa. Peca-se muito com a passagem de tempo (uma vez que se passa ao longo de mais ou menos quinze anos e ninguém muda de fisionomia e nem parece fazer aniversário), os episódios são repetitivos e cansam pela duração. É a prova que atores conceituados e premiados não seguram um roteiro que não sabe para onde vai.