Me lembro a primeira vez que vi Gilmore Girls. Eu devia ter uns doze
anos, mais ou menos, e estava zapeando pelos canais de madrugada durante as férias
de varão. De repente uma menina trajando um uniforme de escola daqueles bem clássicos
com saia de pregas e gravata diz: “É porque eu amo você... SEU IDIOTA.” Pronto! Ganhou
meu coração.
Achei incrível aquela menina chamar o
cara que amava de idiota. A menina, no caso, era Rory Gilmore (Alexis Bledel). Estudante
exemplar, única filha e neta de uma família rachada ao meio depois da gravidez
precoce da mãe. No minuto seguinte a minha cabeça explodiu com toda atmosfera
da bucólica e singular Stars Hollow e seus personagens exóticos. Os diálogos afiados
e recheados de referências á cultura pop e música, muita música. Nomes de
bandas que eu achava que só eu conhecia jorravam pelos diálogos com uma
naturalidade impressionante.

Ao longo dos mais de cento e
cinquenta episódios exibidos por sete anos, Gilmore
Girls não mostrou nenhuma grande novidade e, talvez, seja esse o grane
segredo da série. Mostrar o cotidiano e deixar o espectador livre para se
identificar com os personagens e seus passados complicados e relações
complexas.
A série chegou ao fim de forma
abrupta, porém, previsível. A história criada por Amy Sherman-Palladino
mostrava sinais de desgaste desde a quinta temporada e desandou por completo em
seu sétimo ano depois da briga de Palladino com a Warner, o que fez com que a
última temporada da série saísse das mãos de sua criadora e fosse parar nas mãos
de David Rosental, que deu aos enredos um rumo diferente do esperado.
O revival.

Durante um ano vimos a escalação do
elenco, que conta com 99% do elenco original – ate mesmo o cachorro Paul Anka
deu as caras – fotos dos roteiros e muita, mas muita especulação. O que nenhuma
das especulações foi precisa em prever foi o clima triste que permeou a volta
de Gilmore Girls. Claro que a série
conta com todos os toques bem humorados, tiradas engraçadas, diálogos alucinantes
e um tsunami de referências à cultura pop atual, mas é a morte de Richard
Gilmore (Edward Hermann) que da o tom. Os produtores souberam usar com delicadeza o – assim digamos
– gancho da morte de seu interprete em 2014 para contornar os conflitos das
Gilmore.
Emily (Kelly Bishop) não esconde a mágoa que ainda
guarda da filha por ela ter saído de casa com um bebê recém-nascido nos braços
e sumido no mundo aos dezesseis anos. Lorelai ainda tenta – sem sucesso – não ser
manipulada pela mãe e Rory não sabe que rumo dar a sua carreira de jornalista
que não decola. Quando esses conflitos se chocam com a morte de Richard em um
flash back emocionante, a história toma forma e Gilmore Girls – um ano para recordar mostra a que veio.
Em quatro episódios de uma hora e
meia, cada um ambientado em uma estação do ano, reencontramos Kirk e seus
empregos malucos, Miss Paty e sua escola de dança, Taylor e seus pensamentos megalomaníacos,
Paris e sua personalidade enlouquecida a ponto de fazer chorar as meninas do
colegial de Chilton e todos os homens da vida de Rory. Luke, o padrasto, Cris,
o pai e os ex-namorados Dean, Jess e Logan.

Não posso deixar de ressaltar as
interpretações maravilhosas de Laren Grahan e Kely Bishop. Que mulheres! Grahan
consegue passar todas as angústias de Lorelai com um único olhar e Bishop soube
como ninguém, dar tom ao sofrimento de Emily.
No fim do último episódio, finalmente,
Amy Sherman-Paladino conseguiu usar as famosas quatro palavras que queria para
encerrar a série. Essas quatro palavras deixam uma porta imensa aberta para um
reboot, ou um abismo imenso para deixar os fãs ainda mais angustiados.
Gilmore Grils – um ano para recordar, fechou ciclos, abriu espaços e conseguiu emocionar.
Lai, adorei! Você se expressa muitíssimo bem. Parabéns garota!
ResponderExcluirRi muito quando fala que viu alguém que fala mais rápido que você.
É você lembrou até do cachorro.